Aos meus poucos e raros amigos, com os quais quase nunca
falo, mas conservo no peito em profunda estima. Àqueles que me conhecem um
pouco, ou mesmo aos que pensam me conhecer, mas de mim nada sabem.
Sempre é triste afastar-se de alguém que se ama, sempre é
triste quando alguém de nós se afasta. É um sentimento de impotência, de
inércia, de fracasso.
Amizade é um ponto muito forte em nossas vidas...
Quando tinha 11 anos de idade conquistei um amigo, daqueles
que vêm de outra cidade e passa um mês sem querer ninguém de amigo, pois só
você serve só você é especial, apenas você merece saber de todos os seus
segredos e de todas as suas opiniões sobre as garotas da cidade que não sabem
deixar um homem em paz.
Éramos verdadeiramente amigos (eu pensava assim)... Até que
após um mês ele foi embora e apenas me disse uma frase:
- Eu nunca vou te esquecer. Você é a menina mais legal que
existe aqui!
Fiquei feliz. Deverás a estima de um amigo colocada assim em
palavras na hora da despedida faz a alma se alegrar. Eu fiquei feliz.
Um ano depois ele retornou e eu fiquei eufórica quando soube
que meu GRANDE amigo havia voltado, mas pasmem... Ele disse nem me reconhecer.
Procurava compreender como eu poderia ter mudado tanto em um
ano e verdadeiramente o espelho me dizia que não mudara absolutamente nada.
E ele me disse:
- Não lembro de você, nem sei seu nome!
Dizer que não doeu não direi, era muito jovem... Eu sequer
sabia que os amigos vêm e vão embora.
Sabe aquilo que falei anteriormente, aquele sentimento de
impotência, de inércia, de fracasso? Fui tomada por isso. Não digo que chorei,
pois não choro. Escrevo.
Hoje me ocorreu que não escrevi sobre isso, apenas fiquei
ali, parada imaginando o que eu teria feito pra um amigo que disse não ser
capaz de esquecer um ano depois não lembrar de mim. Achei que a culpa fosse
minha. Não foi!
De quem é a culpa por alguém querer se afastar?
Hoje aprendi a deixar que os amigos sigam seu caminho, mas a
princípio o sentimento de impotência, de inércia, de fracasso, de frustração
ainda me toma. Sinto vontade de chorar. Engulo o choro (pura arrogância),
aprendi que preciso ser forte e deixar que eles se vão, sem choramingar, sem
implorar pra que fiquem, pra que me amem.
_ Pelo amor de Deus, eu sou amável. Ame-me, por favor, me
ame!
O tempo passa e são raros os que ficam obrigada a vocês meus
poucos e raros amigos por me amarem assim, imperfeita que sou. Que mesmo
sabendo tão pouco, ou nada me têm em grande estima.
Mas logo eu?
Sabe o que faz de vocês meus poucos e raros amigos?
Essa disponibilidade, esse carinho, esse amor... Essa mania
de me amarem como sou. Eu não me amaria.
Acho que jamais falei que gosto de vocês... Que lhes tenho
apreço... Que fico feliz em tê-los como meus poucos e raros amigos.
Como disse outro dia: Ao longo dos anos fiz amigos, muitos
amigos alguns se tornaram indispensáveis outros essenciais e outros ainda
tiveram a função de contra peso para meu equilíbrio emocional.
Desses muitos sobraram vocês... Meus poucos e raros
amigos. Aqueles que me sobraram e de quem não abro mão... Mas sempre peço que
me avisem quando forem abrir mão de mim... Preciso estar preparada para
escrever mais um texto de despedida. Despedida de alguém que amo.
Com os olhos cheios de lágrima, um nó na garganta, um aperto
no peito... Mas sem nunca chorar, apenas deitar a alma no papel, deixar a alma
falar. Como faço agora.
Fala minha alma, fala!
Tenho poucos e raros amigos ... Se tiver que ficar sem nenhum vou escrever a duras penas que desacredito da amizade... Que meu coração me enganou.
Melhor não, né?
Já sei... Entro em um casulo e viro borboleta, vou sair a
voar por ai... Olhar pra minhas asinhas e ser feliz apenas por existir!
Gi Barbosa Carvalho
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