Me deparando com certas frases, afirmações e colocações de meus colegas de profissão espalhados pela internet em forma de indignação, resignação e revolta decidi escrever um pouco sobre esses sentimentos que as vezes nos envolvem e aos quais damos vazão, sem medir as consequências, espalhando pela rede ideias e conceitos de que nada vai mudar e estamos fadados ao fracasso.
Enquanto professor eu preciso tomar consciência do que sou, preciso aprender a amar, preciso crescer, preciso deixar a minoridade e passar a ter noção da proporção das bobagens que espalho pela internet e pela vida .
A internet é um espaço livre, eu posso escolher devotar meu tempo á tecer críticas perjorativas ou falar asneiras em msn e sites de relacionamento ou me conter e observar aquilo que escrevo humanamente e medir qual ensinamento estou passando e qual meu chão teórico pra colocar certo ponto de vista; e além disso saber que como estamos em um espaço democrático e aberto podemos vir a ouvir críticas para as quais não estamos psicologicamente preparados pra aceitar e argumentar racionalmente.
Enquanto professor não posso simplesmente receber um E-Mail de alguém que se diz indignado com questões sociais como Bolsa Família, cotas pra universidade e outros programas de governo e encaminhá-lo a mil outras pessoas como verdade absoluta, sem avaliar a veracidade do conteúdo que me foi passado e sondar sobre qual seria a contribuição dele pra sociedade. Isso não quer dizer, em hipótese alguma que o professor não deva tecer críticas construtivas ao governo e as instituições que não cumprem seu papel social, ou em seu horário de lazer sorrir, contar piadas, bater papo no msn, interagir nas salas de bate papo, brincar com situações reais e cotidianas, curtir uma bela foto, enviar um scrap fofo, se irritar com alguma situação alheia á sua vontade ou que contraria aquilo em que acredita.
Minha colocação é para que comecemos a analisar profundamente aquilo que lemos na internet e vemos através dos meios de comunicações que se dizem imparciais, mas tentam incutir suas verdades em nossas mentes. Nós não somos marionetes e devemos procurar compreender o que somos, quem somos e por que somos, livres do pensamento manipulador de alguns.
Não sejamos alienados, não nós que temos por profissão auxiliar na formação de indivíduos críticos e conscientes enquanto sujeito construtores e construidos pela sociedade.
Não nos deixemos alienar e observemos que aquilo que sai de nossa boca não é uma verdade absoluta e que talvez ainda não tenhamos base pra sair escrevendo sobre determinados assuntos.
Vamos nos conter e tomar a parcela que nos cabe só expondo nossa opinião com propriedade e de forma adequada no momento oportuno.
Vamos fazer uma pequena análise...
Tentemos dar resposta pra seguinte pergunta:
Eu sou um ser esclarecido?
Eu alcancei a maioridade ou ainda tenho atitudes de criança?
Immanuel Kant(1724-1804) publicou o seu artigo “O que é Esclarecimento?”:
Esclarecimento [Aufklärung] é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento.
A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma direção estranha (naturaliter maiorennes), continuem no entanto de bom grado menores durante toda a vida. São também as causas que explicam por que é tão fácil que os outros se constituam em tutores deles. É tão cômodo ser menor.
Analisando esse fragmento de um artigo que deveria ser lido por todo e qualquer educador que sente a necessidade de a cada dia melhorar sua prática pedagógica e embasada nele, me aproprio do conceito de maioridade, me nego a aceitar como válida qualquer colocação sem antes avaliá-la, testá-la, e comprovar que tem subsidios e que por tal é de procedência confiável e pode ser repassada aos demais como uma das expressões da verdade, sendo que não existe ( á meu ver) uma verdade absoluta.
Sabe qual minha análise diante de tudo que venho presenciando através de observações diárias de afirmações redigidas por alguns colegas de profissão?
Estamos com nossa insatisfação e frustração matando sonhos e enterrando nosso potencial, mas precisamos ter a compreensão que ...
Enquanto professor não podemos nos dar ao luxo de deixar de crer na educação de nosso País
Enquanto professor não podemos nos dar ao luxo de impor nossa opinião.
Enquanto professor não podemos olhar as situações de forma unilateral
Enquanto professor não podemos nos dar o direito de perder a esperança
Enquanto professor não podemos acreditar que nossas atitudes infantis não influenciam na formação de nossos aluno e podem conduzí-los ao fracasso ou ao sucesso.
Nós, professores, somos vendedores de esperança, disseminadores de ideias, seres potencias capazes de transformar vidas começando pela nossa Nos modificando, nos autoavaliando, nos esclarecendo.
E como vendedores ou mesmo doadores (se assim queiram colocar ) de esperança não podemos nos dar ao luxo de andar cabisbaixos por avaliar que não nos é dado pelo estado, pela escola e pela sociedade o valor e reconhecimento merecido.
Em sete anos de jornada pedagógica afirmei inúmeras vezes pra meus alunos e reafirmo agora pra vocês...
Só há algo realmente meu que ninguém pode tirar , e isso é meu conhecimento, por isso mesmo o considero não apenas importante, mas essencial em minha vida, contudo não esse conhecimento tirado das páginas amareladas de um livro que por muitas vezes sendo inexato se modifica, mas aquele adquirido em sala de aula e na vida.
Ao longo dos anos entrei em contato com pessoas das quais extrai algo valioso, lições de vida, de esperança e de superação e vibrei de alegria. De outros ficou apenas a imagem daquilo que não quero ser. Pessoas que não satisfeitas em matar seus sonhos, descarregam também via internet ou mesmo na vida real sua amargura a fim de aniquilar os sonhos dos jovens que desejam e acreditam poder mudar o mundo.
Palavras são como extensão do professor, por isso cuidemos com nossos períodos de indignação, resignação e ataques de cólera nos mantendo um pouco afastados das rodas de conversa e expondo menos nossa opinião quando não estivermos conseguindo ser imparciais.
Compreendo que se posso contribuir de forma boa o faço, mas se apenas no meu íntimo há revolta e indignação eu conto até dez, retomo o fôlego e refeita , saio por ai a semear esperança a fim de conseguir que, ainda que não na proporção desejada, viver em meio á uma sociedade melhor no futuro.
Eu sou professor, só posso me dar ao luxo de uma coisa nessa vida que é ...
Acreditar, mesmo em meio ao caos, a inversão de valores, os ataques da mídia, a desvalorização de meu trabalho, a crítica de meus colegas , o olhar superior daqueles que têm o conhecimento como nada; que eu ainda posso, se não mudar o mundo, interferir positivamente pra que aqueles que forem alcançados por minhas palavras possam continuar tentando e enxergar lá adiante uma sociedade não apenas esperançosa, mas eslarecida.
Gi Barbosa
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